2018 - 2019 / PT - Porto
Construído
Cliente: David Rosas
Autoria: Nuno Graça Moura
Colaboração: Carlos Castro
Curador: Paulo Valente
Projectos de especialidade: Civi4 - Projectistas e Consultores de Engenharia Civil, Lda.
Construtor: Lúcios - Engenharia e Construção
Fotografias: Inês d'Orey e Carlos Castro
A “Casa da Filigrana” integra um edifício do séc. XIX no Porto, que, estando em más condições estruturais, foi recentemente reabilitado para Hotel e comércio no piso térreo, com projecto de arquitecto Luís Viana.
No piso 1, com acesso independente pela Rua do Almada, uma família com ligações à ourivesaria desde meados do séc. XIX, propôs criar um núcleo com o objectivo de valorizar a Filigrana Portuguesa, dando espaço e visibilidade à as diversas fases de produção e de peças de filigrana excepcionais.
Projecto
Um percurso contínuo e circular que rodeia o átrio central e que inicia e termina no espaço da bilheteira, sem nunca repetir espaços, é o princípio base do projecto de arquitectura e projecto expositivo.
A entrada faz-se pela Rua do Almada. Um hall no piso térreo, com balcão em mármore negro à sua esquerda, recebe os visitantes. Uma escada a direito, que permite uma visão do edifício de lado ao outro, com as árvores da Praça da Liberdade como pano de fundo, indica aos visitantes o percurso a seguir até à bilheteira.
Tendo a Praça da Liberdade como fundo, o espaço da bilheteira tem um balcão a toda a largura também em mármore negro. A partir daqui, o visitante entra na exposição numa grande sala que acompanha toda a fachada sul. Neste espaço localizam-se os núcleos expositivos relativos ao fabrico das peças, compostos por paralelipípedos em vidro, com cerca de 2,10m de altura, com algumas zonas lacadas pelo interior e tecto em caixa de luz. Os expositores, em vidro e negros, são a única fonte de iluminação do espaço, além da luz natural que entrará pelos vãos da fachada. No extremo oposto ao da entrada na exposição uma bancada de oficina em madeira de mogno, onde os artesãos trabalharão e demonstrarão algumas das fases da produção das peças em filigrana, articula esta primeira sala com a segunda sala de exposição onde se começam a expor peças de filigrana.
A segunda parte da exposição, composta por peças de filigrana do séc. XIX e XX, reparte-se por várias salas, com vitrinas embutidas nas paredes e expositores soltos em vidro com estrutura inferior em aço. A luz é sequencialmente cada vez menor, dando ênfase crescente ao brilho das peças de filigrana. A última destas salas é toda pintada com uma cor muito escura, sendo apenas iluminada por cada uma das vitrinas. Resulta um espaço em que o foco principal são as peças de filigrana excepcionais e cria uma transição para o último momento, uma evocação da utilização da filigrana por ocasião das festas populares, num espaço totalmente negro sem luz geral, apenas com informação retroiluminada nas paredes e som ambiente das festas populares.
A exposição termina regressando à zona da bilheteira, completando o percurso, para onde desenhamos uma mesa hexagonal central sobre a qual se exibem diversas peças para venda.
Adjacente a este espaço existe um outro espaço mais reservado, dedicado à família responsável por este projecto, denominado “Family Room”, no qual vão estar peças de alta joalharia em filigrana desenvolvidas por artesãos.
O pavimento é todo em soalho de Riga nova, sendo tectos e paredes pintados de branco, com rodapés em madeira pintada. Todos os vãos e portas terão pormenorização semelhante à antiga, com guarnições e folhas em madeira pintada.
© Nuno Graça Moura